Nossa!
Quem já pegou metrô em Sampa, sabe.
Pode ser algo muito agradável, ou uma experiência traumatizante. São vários os fatores envolvidos, mas os que mais pesam são: linha e horário.
Se é umas dez da manhã, dez e meia, qualquer linha do metrô é altamente transitável. A Verde, da Vilamadá até Alto do Ipiranga é, na minha opnião, a mais legal. Minas gatas, pessoal transado, passa pela Paulista, uma boa parte é aérea, um tesão. Desce no Trianon-Masp, tem o parque, árvores, bicho (eu falei bi-CHO...), tudo de bom!
Três da tarde também é legal. Pega a Linha Azul, vai até o Shopping Santa Cruz, sentado, de boa... pega um cinema, aterroriza uns emos (só ex-Punk me entende), a vida é bela...
Agora, quinta feira passada, tinha que ir pro aeroporto internacional. Meu vôo decolava as nove. Um bom horário pra chegar em Guarulhos seria umas sete da noite. Combinei com a amiga que ia pra NYC comigo da gente se encontrar na catraca da estação Tatuapé as seis e meia. O plano: eu pegava o trem na República, ia até o Tatu. Ela, ia da Consolação, baldeava duas vezes, no Jabaquara e na Sé, e seguia pro ponto de encontro. No terminal Tatuapé rola um busão (quase) non-stop até o aeroporto. Tudo lindo e barato...
He He ... barato de cu é rola, como diz o Bigode, meu amigo filósofo de boteco...
EU!EU!EU! A GENTE SE FERROU-SE!!
Lá fui eu pra República, bolsa tiracolo e sacolinha de viagem na mão (só o fds em NY,não is despachar mala, né? Mala despachada é a maior roubada...)... desce escada rolante, vira, desce outra... CARALHO!!!
Sem brincadeira... cadê a porra da plataforma de embarque? Não se vê a tal, as seis da tarde... só um mar de cabeças tentando entrar na lata de sardinhas móvel... vendo a cena, na mesma hora me subiu um arrepio e lembrei do famoso pensamento de James Lovell, comandante da Apollo 13: "Hummm... fodeu!"
Passaram uns dois trens, que fizeram o favor de abrir e fechar as portas, que embarcar ninguém conseguiu mesmo, mais um, vazio, que passou direto enquanto uma voz anunciava que aquele trem iria seguir sem passageiros até o Tatuapé (caralho! é pra que eu vou! me dá carona!), e então um quarto trem encostou, com alguma promessa de embarque. Rezei e fui!!
O legal em situações como essa é que você não precisa andar. Eu, conscientemente, não lembro de ter colocado um pé na frente do outro... Só entrei no fluxo, e de repente lá estava eu no meio do vagão. Assalto também não rola nessa situação, porque pra assaltar ocorre a condição básica do malfeitor conseguir mover a mão até dentro da sua bolsa. Se nem respirar a gente consegue...
Eu confesso que fiquei meio constrangido. Digamos que eu estava, sem querer, escaneando a mina que estava colada em mim, que, por sua vez, enfiava o nariz no sovaco de um tiozão, que parecia a ponto de espirrar, o que ia desarrumar o cabelo da perua que se equilibrava segurando o braço do Boy magrelo de dois metros de altura colado no teto do vagão com o outro bração varapau! Um balé de terror, muito bem coreografado!
Como eu estava equilibrado em um pé só, achei de querer virar um pouco o corpo (desculpa, mina... NÃO é o meu celular, mas é melhor você achar que é...). Adivinha se nao dou de cara com um boy de babylook, mechas californiroscas louras nos cabelos, piercing na lingua,orelha, nariz e Zeus sabe onde, e olhar brejeiro? Pior, tô de calça social. Tecido fininho.
E, claro, cueca boxer com o bicho confortável... Murphy se regozija às minhas custas... lembra que o que eu falei sobre assalto? De não conseguir nem mover a mão? Adivinha se o cara ficou triste de sentir o Jr encostado na mãozinha gorducha dele... pior foi ver os olhinhos do figura dando aquela apertadinha de gozo... posso jurar que vi ele fazendo até biquinho... ainda bem que não dedilhou o equipamento... aí já seria demais...
Na Sé descobri que, se nas outras estações o problema é embarcar, na estação central o difícil é ficar DENTRO do vagão! A turba quer porque quer manter aquele relacionamento bacana, recém inaugurado, e insiste em te carregar junto, mesmo diante dos protestos desesperados e cotoveladas à direita e à esquerda que você solta! Eu fiquei, mas a sacola foi... presa na minha mão, parecia um peixe fisgado, lutando contra a corrente. Só voltou pra dentro do trem no contrafluxo.
Sem maiores terrores até o Tatu. Já esperto, fiquei administrando o vai e vem dos companheiros usuários e a minha posição no vagão, e na estação tão esperada, me joguei na corrente e desembarquei, quase ileso. Só um ou outro hematoma (é com "agá"?) pra mostrar pros amigos.
Subi pra catraca e esperei a mina chegar. Mais uns vinte minutos, ótimos pra analisar o povo que passa indo e vindo (caraio, quanta gente feia e quanta mina gorda com calça de cintura baixa...).
Deu os vinte minutos, ela chega, olho vidrado, toda esbaforida, cabelo em desalinho.... uma dó, quase chorando: -Quase me estupraram nessa merda de trem... aliás, foi um estupro, psicológico, mas foi!
Tadinha, abraço minha parceira com todo companheirismo que me resta depois do trauma do metrô ZL, e a consolo, dizendo que o pior já passou, agora tudo vai ser mais fácil, o aeroporto nos espera... ela sorri e balança a cabeça afirmativamente.
Não tenho coragem de falar do busão que a gente vai pegar dali a cinco minutos, provavelmente lotado, de "passageiro BRA", levando até a galinha na bagagem de mão... deixa ela sonhar com a sala VIP, deixa...
Ônibus 4010-32 (cont.)
Há 3 meses
4 comentários:
Cê ficou tão concentrado no Gayzinho na sua frente que se esqueceu daquele negão com a camisa do Corinthians atrás de você, uiiiii !!!!
O qual, aliás, mandou lembranças e perguntou quando sara a tua cirurgia de hemorróidas, que ele tá com saudade!! Ui!
Agora que eu me toquei... negão até vai, mas curintianu, NUNCAAAAA!!!
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