segunda-feira, 1 de junho de 2009

Dois mundos - parte 1

Nossa!


Quem já pegou metrô em Sampa, sabe.

Pode ser algo muito agradável, ou uma experiência traumatizante. São vários os fatores envolvidos, mas os que mais pesam são: linha e horário.

Se é umas dez da manhã, dez e meia, qualquer linha do metrô é altamente transitável. A Verde, da Vilamadá até Alto do Ipiranga é, na minha opnião, a mais legal. Minas gatas, pessoal transado, passa pela Paulista, uma boa parte é aérea, um tesão. Desce no Trianon-Masp, tem o parque, árvores, bicho (eu falei bi-CHO...), tudo de bom!
Três da tarde também é legal. Pega a Linha Azul, vai até o Shopping Santa Cruz, sentado, de boa... pega um cinema, aterroriza uns emos (só ex-Punk me entende), a vida é bela...


Agora, quinta feira passada, tinha que ir pro aeroporto internacional. Meu vôo decolava as nove. Um bom horário pra chegar em Guarulhos seria umas sete da noite. Combinei com a amiga que ia pra NYC comigo da gente se encontrar na catraca da estação Tatuapé as seis e meia. O plano: eu pegava o trem na República, ia até o Tatu. Ela, ia da Consolação, baldeava duas vezes, no Jabaquara e na Sé, e seguia pro ponto de encontro. No terminal Tatuapé rola um busão (quase) non-stop até o aeroporto. Tudo lindo e barato...
He He ... barato de cu é rola, como diz o Bigode, meu amigo filósofo de boteco...
EU!EU!EU! A GENTE SE FERROU-SE!!
Lá fui eu pra República, bolsa tiracolo e sacolinha de viagem na mão (só o fds em NY,não is despachar mala, né? Mala despachada é a maior roubada...)... desce escada rolante, vira, desce outra... CARALHO!!!
Sem brincadeira... cadê a porra da plataforma de embarque? Não se vê a tal, as seis da tarde... só um mar de cabeças tentando entrar na lata de sardinhas móvel... vendo a cena, na mesma hora me subiu um arrepio e lembrei do famoso pensamento de James Lovell, comandante da Apollo 13: "Hummm... fodeu!"
Passaram uns dois trens, que fizeram o favor de abrir e fechar as portas, que embarcar ninguém conseguiu mesmo, mais um, vazio, que passou direto enquanto uma voz anunciava que aquele trem iria seguir sem passageiros até o Tatuapé (caralho! é pra que eu vou! me dá carona!), e então um quarto trem encostou, com alguma promessa de embarque. Rezei e fui!!
O legal em situações como essa é que você não precisa andar. Eu, conscientemente, não lembro de ter colocado um pé na frente do outro... Só entrei no fluxo, e de repente lá estava eu no meio do vagão. Assalto também não rola nessa situação, porque pra assaltar ocorre a condição básica do malfeitor conseguir mover a mão até dentro da sua bolsa. Se nem respirar a gente consegue...
Eu confesso que fiquei meio constrangido. Digamos que eu estava, sem querer, escaneando a mina que estava colada em mim, que, por sua vez, enfiava o nariz no sovaco de um tiozão, que parecia a ponto de espirrar, o que ia desarrumar o cabelo da perua que se equilibrava segurando o braço do Boy magrelo de dois metros de altura colado no teto do vagão com o outro bração varapau! Um balé de terror, muito bem coreografado!
Como eu estava equilibrado em um pé só, achei de querer virar um pouco o corpo (desculpa, mina... NÃO é o meu celular, mas é melhor você achar que é...). Adivinha se nao dou de cara com um boy de babylook, mechas californiroscas louras nos cabelos, piercing na lingua,orelha, nariz e Zeus sabe onde, e olhar brejeiro? Pior, tô de calça social. Tecido fininho.
E, claro, cueca boxer com o bicho confortável... Murphy se regozija às minhas custas... lembra que o que eu falei sobre assalto? De não conseguir nem mover a mão? Adivinha se o cara ficou triste de sentir o Jr encostado na mãozinha gorducha dele... pior foi ver os olhinhos do figura dando aquela apertadinha de gozo... posso jurar que vi ele fazendo até biquinho... ainda bem que não dedilhou o equipamento... aí já seria demais...
Na Sé descobri que, se nas outras estações o problema é embarcar, na estação central o difícil é ficar DENTRO do vagão! A turba quer porque quer manter aquele relacionamento bacana, recém inaugurado, e insiste em te carregar junto, mesmo diante dos protestos desesperados e cotoveladas à direita e à esquerda que você solta! Eu fiquei, mas a sacola foi... presa na minha mão, parecia um peixe fisgado, lutando contra a corrente. Só voltou pra dentro do trem no contrafluxo.
Sem maiores terrores até o Tatu. Já esperto, fiquei administrando o vai e vem dos companheiros usuários e a minha posição no vagão, e na estação tão esperada, me joguei na corrente e desembarquei, quase ileso. Só um ou outro hematoma (é com "agá"?) pra mostrar pros amigos.


Subi pra catraca e esperei a mina chegar. Mais uns vinte minutos, ótimos pra analisar o povo que passa indo e vindo (caraio, quanta gente feia e quanta mina gorda com calça de cintura baixa...).
Deu os vinte minutos, ela chega, olho vidrado, toda esbaforida, cabelo em desalinho....  uma dó, quase chorando: -Quase me estupraram nessa merda de trem... aliás, foi um estupro, psicológico, mas foi!

Tadinha, abraço minha parceira com todo companheirismo que me resta depois do trauma do metrô ZL, e a consolo, dizendo que o pior já passou, agora tudo vai ser mais fácil, o aeroporto nos espera... ela sorri e balança a cabeça afirmativamente.


Não tenho coragem de falar do busão que a gente vai pegar dali a cinco minutos, provavelmente lotado, de "passageiro BRA", levando até a galinha na bagagem de mão... deixa ela sonhar com a sala VIP, deixa...

4 comentários:

Boca de Porco disse...

Cê ficou tão concentrado no Gayzinho na sua frente que se esqueceu daquele negão com a camisa do Corinthians atrás de você, uiiiii !!!!

Homem do Saco disse...

O qual, aliás, mandou lembranças e perguntou quando sara a tua cirurgia de hemorróidas, que ele tá com saudade!! Ui!

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Homem do Saco disse...

Agora que eu me toquei... negão até vai, mas curintianu, NUNCAAAAA!!!