domingo, 28 de junho de 2009

Vida dupla

Acordara resoluto.

Antes mesmo de abrir os olhos, no momento em que teve consciência de estar desperto,se sentira compelido a contar tudo à esposa. O segredo sufocava-o há anos. Não aguentava mais.

Encontrou-a na cozinha, preparando o café da manhã.

- Marta, senta aqui. tenho que te contar algo...

A esposa sentou-se, ressabiada. Havia tempos não via o marido tão taciturno. Imaginou histórias de amantes, desfalques, crimes esquecidos e que voltavam à tona. Mas superariam tudo, juntos. Sempre fora a rocha do casamento, doze anos, não iria desabar agora.
Mas nada a preparara para a confidência de seu companheiro.

- Vera, eu tenho que te falar a verdade. Eu sou... o Jegão!

Disse, e ficou em silêncio, observando o efeito que a revelação causara em sua esposa. Dona Marta, mãe de duas belas jovens universitárias, esposa fiel, não sabia o que falar. Enfim, depois de um tempo que pareceram horas, perguntou hesitante:
- Firmino, você quer dizer... "O" Jegão?
- É, Marta. "O" Jegão, o cara das histórias que você ouve desde sempre, entre meus amigos. Jegão. Sou eu!

Entre os amigos, companheiros desde os tempos de colegial, as anedotas do Jegão eram repetidas à exaustão. Era sempre citado, o companheiro desajeitado, simplório, que entrava nas maiores encrencas, e era motivo de riso da galera. As esposas, de tanto ouvir os mesmos casos, sabiam de cor as desventuras do pobre. Mas, até então, eram histórias de um personagem sem rosto.

Certa vez, no início dos anos 80, durante uma aula de matemática com um professor um tanto maluco, estava o Firmino atento à marcha de uma formiga que subia na parede, quando o professor, vendo-o de boca aberta, comentou com a classe como parecia meio, assim, bobão, não, não era bem isso... era um... Jegão!

Adolescentes são maus, e quanto mais se recusa o apelido, mais o sadismo se desenvolve. No metrô, era normal a cena dos companheiros gritarem de longe "Jegão", e, ao invés de não responder e deixar o povo do metrô imaginar quem seria o eqüino, este respondia, todo envergonhado "Pô, gente, pára de ficar me chamando de Jegão!"... e lá se ia o vagão cheio de gente olhando pro Firmino e balançando a cabeça imaginando que parecia um jegão mesmo...
Para piorar, desenvolvera um TOC, não bastava-lhe ver um objeto, tinha que tamborilar os dedos neste para sossegar uma compulsão vinda não sabe-se de onde. Os amigos exultavam. Visitas a museus eram um terror...
- Jegão, olha que legal esse quadro... pena que não pode tocar, né?
- E esse vaso, Jegão... olha só esse vaso raro!
O Jegue quase morria! Quantas broncas dos seguranças! Só por conta de um batuquezinho nas estátuas? Injusto...

Crente, criado dentro da igreja, quase enfartou na viagem de formatura, com uma Fanta "batizada":
- Gente, passa essa latinha de Fanta pra mim também!
- Jegão, você não vai gostar, não tá boa...
- Dá aí, pô... humm... é, tá diferente... péra ai... tá boa, sim!
- Jegão, você tomou tudo? JEGÃO, VOCÊ TOMOU TUDO! TAVA COM VODCA! VOCÊ VIROU GUT-GUT, TUDO?
- Ai meu Deus! Tinha álcool? Ai meu Deus!
- Agora vai pro inferno, Jegããããããão!
- NÃÃÃÃÃÃOOOO!

No cursinho, sonhava ter se livrado do apelido. Ledo engano. Foi na primeira semana de aula. Passava pela porta de uma classe despreocupado, lá dentro dois amigos do colégio, o Rosa e o Caverna. Sentados lá no fundão, ao verem-no passar no corredor, gritaram a plenos pulmões "JEGÃO"! A classe toda olhou para trás, no susto, achando serem os dois malucos. Não é que o pobre volta até a porta e pede em voz alta "Pô, gente. Pára com isso! Aqui ninguém sabe que eu sou Jegão"!
Foi o que bastou. Ficou Jegão no cursinho também.

E as histórias do Jegão se multiplicavam. Dizia-se que fora convocado pras forças armadas, na cavalaria. Servira como montaria, lógico.

Quando casou, fez um pedido aos amigos. Que continuassem a comentar as histórias do Jegão, mas escondessem das esposas a identidade do protagonista. Tanto insistiu, que a identidade secreta do Jegue ficou em segredo do mulherio. As esposas riam com as histórias, mas não relacionavem o nome à pessoa. E tudo corria muito bem.

Mas agora, decidira-se a abrir para o mundo seu alter-ego quadrúpede. Que todos o chamassem de Jegão, e daí, era um animal até que nobre, trabalhador. E sempre podiam achar que era alguma alusão ao seu órgão sexual, seria até um elogio!

A esposa relutou a princípio, as histórias do Jegão eram sempre contadas, na roda de amigos, quase sempre com um final bem embaraçoso. Mas o Firmino bateu o pé, e tornou-se Jegão assumido.

O que ninguém sabe é que ele ainda odeia o apelido. Mas o fato é que Dona Marta havia resolvido, depois de ler uma crônica do Verissimo, que precisavam de apelidos, para a saúde do casamento. Tratar-se por "amor" era muito impessoal. E já havia arrumado apelidos para os dois.
Essa resolução da esposa foi o empurrão para assumir o tratamento do colegial abertamente.

Afinal, Jegão, apesar dos pesares, até que passa.
"Fifi" não suportaria jamais!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Schhhhhhhhh, de novo...

Meu,


Farrah Fawcett empacotou. Bateu as botas. Vestiu o pijama de madeira. Passou dessa pra melhor. Se foi. Abotoou o paletó. Foi pra terra dos pés juntos. Foi comer grama pela raiz. Foi fazer A viagem. Desencarnou.

A Farrah morreu.

E que puta azar, morreu bem no dia da morte do Big-Bang Michael Jackson. Fala sério, tirando meia dúzia, quem vai falar da sua morte no dia que o Mr. Thriller sai do palco?

Eu falo, louraça! "Xá comigo!"

FARRAH FAWCET EMPACOTOU, CAMBADA!
CAPUT!
FINITO!
PÁ-PUM! FOI!

O que é uma merda.
A Farrah, pra quem não sabe, ou esqueceu, ou nunca viu As Panteras (o seriado original... esquece o filme...), ou até ontem morou em uma caverna e perdeu as últimas três décadas, era uma atriz que fez um puuuuta sucesso na década de 70, fez um bocado de filmes, e até ontem tava lutando contra um câncer, bravamente.

Lembro que o seriado passava na Globo, à noite. Claro que eu assistia, era um moleque de tudo, nem sabia se ela era gostosa ou não. Eu queria ver aquela loura de rosto angelical, e como as minas iam sair das encrencas que o Charlie arrumava pra elas! E o Sorriso da Farrah... minha primeira paixão platônica. Eu sonhava com ela, saindo do mar com aquele maiô americano (horroroso, né? hoje, eu sei... mas na época...), sacudindo o cabelo e vindo na minha direção com todos aqueles dentes, que bocão! Agora eu sabia pra que Zeus inventara o sorriso! Ela deitava comigo na areia... nessa parte, o sonho ficava bem vago, nunca percebi o que acontecia... bom, eu tinha nove anos, nem tinha idéia do que rolava, no quesito reprodução humana!

(Fosse hoje, eu sonharia ela já fora do mar e aquela boca... ok, deixa pra lá...)




Anos depois, já adolescente, caiu nas minhas mãos (hehehe) a Playboy especial com ela. Ahhh... coisa boa! Abri a revista com calma, antecipando as fotos da minha Deusa made in USA... Eu tinha comprado em um sebo, a revista era velha, de 1978, mas, pra mim, era um tesouro!Delícia de loura! Bonzeadassa, sorrindo com um misto de garota ingênua e mulher safada! Perna que não acaba mais!!




Farrah Fawcett era sinônimo de fetiche pra uma legião de homens. Só pra ter uma idéia, a Playboy de dezembro de 1995, com ela na capa, foi a segunda de maior venda no mundo, com 1 351 100 exemplares! É punheta pra caralho, desculpem o trocadilho! "Nunca tantos deveram tanto a tão poucos!" (No caso um, Hugh Hefner...)



Fica aqui essa pequena homenagem à louruda que tirava meu sono na meninice, minha eterna pantera!

Farrah Fawcet (02 feb 1947 - 25 jun 2009)

sábado, 20 de junho de 2009

Hats are HOT!!

Olha só...

Um ano, ano e meio atrás, passando em frente a uma lojinha no centro de Sampa, tive o impulso de entrar pra ver chapéus. Eu tinha acabado de assistir pela centésima vez Os Irmãos Cara de Pau, e pensava em quanto custaria um visual como o dos caras.

Um vendedor muito solícito se aproximou, meio desconfiado, acho, talvez se indagando se eu estava na loja certa, ou se queria usar o banheiro... (explico: eu tinha acabado de sair da Galeria do Rock, trajando todo pimpão meu coturno e meu jaco de couro surrado. Não devia estar muito combinando com loja de chapéu centenária do largo do Payssandu...). O senhor que me atendia, esse sim, parecia ter nascido junto com a loja, provavelmente no século passado, não, retrasado, que a loja, de acordo com o vendedor, era de antes da virada do século XX! Não sabia se acreditava, mas, enfim, deixa o vôzinho contente, né?

Ok. Depois de uma breve conversa sobre a história da loja, dos chapéus, do filho do véinho, passamos para o que interessava, experimentar os chapéus.
Engraçado.
Eu lembro a primeira vez que tomei vinho. Achei ruim pra cacete. Devia ter menos de 20, e a Breja era "A" minha bebida, assim como da cambada que andava comigo.
Claro que, voltando ainda mais no tempo, a primeira vez que tomei uma cerva achei uma merda! Como alguém podia trocar refri por um troço amargo daqueles?
Foi o que pensei quando coloquei o primeiro chapéu que o vendedor me passou. Achei esquisito, grande, parecia que a minha cabeça, que já não é pequena, estava com um cocuruto... não gostei...
O senhorzinho riu (lembrei do meu avô rindo, eu adolescente, ao me apresentar a loura gelada da Antártica. Essa lembrança, como se verá, foi muito importante...), e falou que tinha que se acostumar... e que não é qualquer chapéu que agente coloca e sai andando, cada um tem seu estilo, tem que descobrir o chapéu. Quase uma arte...
Não podia estar mais certo. Tanto que, quando coloquei o quarto ou quinto chapéu que ele me mostrou, pareceu encaixar perfeitamente, coisa mágica, o espelho mostrava exatamente como eu me sentia quando ouvia um Blues, um Rock clássico, quando sentava naquele boteco legal com os amigos e sentia que a vida era cool!



Coincidência das coincidências, o vendedor me informou que aquele chapéu era fabricado há quase cem anos em uma fábrica de Campinas... quase caio pra trás! Um dos anarquistas mais legais que eu conheci, senão o único, usava no início do século o mesmo chapéu, digo, da mesma marca! Adivinha quem?
Bem que eu achei que reconhecia a assinatura do ladinho da fita. O faceiro jovem Murilo Dias, vulgo "meu Vô", provavelmente deu em cima da melindrosa Maria das Dores, codinome "minha Vó", com um Cury na cabeça. E passou a vida fiel à marca campineira. Nem pensei duas vezes. Comprei o dito cujo! Quem não compraria?

Na mesma noite, coloquei o chapéu e fui pro boteco, festinha de boas vindas pra Deise, minha melhor amiga, que voltava da Europa. Teste de fogo! Que minha anta-amiga, se não gosta, fala na cara. O que é muito bom. Não a torna a pessoa mais popular do mundo, mas foda-se. "Nóis gostcha!". Ela olhou, olhou, e lógico, amiga minha, tinha que me escrotizar antes de elogiar. "Você roubou do seu avô?" "Roubei (he he he). Gostou?" "É, fica bom..."
Isso, em Deisês contemporâneo, significa "Sim, ficou legal, show, etc, etc..."



Já Leandro, lóóóógico, chegou chegando e lascou: "Quem te falou que chapéu tá na moda? Equivocaaaado..."
Eu, polidamente, entre fingir que não tinha ouvido e mandar o Lê à merda, optei pela segunda, e caímos todos nas brejas, que já tava esquentando... matamos a Deise, não, a saudade da Deise, colocamos a conversa em dia, e meu chapéu se integrou à imagem do Homem do Saco definitivamente...

Atualmente, não consigo pensar em dar minhas voltas pelos botecos sem um dos meus chapéus, que já somam sete, de cores e modelos diferentes. Minha gata me presenteou com uns, amigos com outros, e a coleção cresce. E, mesmo sabendo ser impossível, imagino que a qualquer hora, num barzinho boêmio desses, vou cruzar com o Seu Murilo, de chapéu, e dar aquele aceno simpático chamando pra mesa, pra ouvir os casos da vida anárquica e longa do meu querido avô... ele vai elogiar meu gosto, passar uma cantada na minha mina, só pra não perder o costume, e vamos rir quando, na hora de sair, a gente pegar os chapéus trocados...

Saudade, vô.

Pro senhor, eu sempre tiro o chapéu!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Lava o pescocinho... hehehe...

Meu,

Acabei de ler um livro que eu namorava na livraria há tempos: Os Sete, do André Vianco.
Sabe como é? Você olha a capa, folheia o livro, pensa "deve ser legal... será?", e põe de volta na prateleira.

Eu fiz isso uma pá de vezes com a obra do Vianco.

Sei lá, vampiros em Terra Brasilis? Que esquisito, né? Eu olhava, folheava, desconfiado, e lá voltava ele pra estante... que vergonha, Homem do Saco! Logo você, que se orgulha de ser da turma da Lingüística, que ensaia uma pós em comparada, ama literatura marginal, idolatra Bukowski,etc,etc, todo preconceituosão, só porque os danados tem sotaque de portuga? Faça-me o favor, seu pragmátiquinho de merda! Seu semioticistazinho de meia tigela! Shame on you!

Pois foi. Depois de muita reflexão, aproveitei uma ida à Cultura no último fim de semana e comprei o livro. Confesso que quase declinei outra vez, em favor de uma coletânea de contos do Robert E. Howard, criador do Conan, o Bárbaro... mas eu tava numa pegada de ler algo vampiresco bom (veja bem: BOM! minha opnião sobre Crepúsculo permanece imutável... vide meu post Vai uma mordida no cangote? ), então fui direto no livro. Raro, peguei e fui pagar, que eu normalmente demoro séculos dentro de livraria escolhendo livro...



Comecei a ler no domingão, despretenciosamente. Ia ler só algumas páginas, já era tarde, segundona a gente madruga, né? Quando dei por mim, já estava devorando a página 90... e tinha gás pra muito mais. Tive de me esforçar pra fechar o livro e cair no sono...

Resumo da ópera, ontem mesmo eu já virava a última página de Os Sete... míope mas feliz! Eta livro porreta! 380 páginas, e eu quero mais!

Pra encerrar, uma história tirada do site do André, de como foi a primeira tiragem do livro. Achei bem legal!

Do Site:

O segundo romance do autor é justamente o que marca sua estréia no mercado editorial brasileiro. Talvez, tão interessante quanto a história narrada seja a história de sua publicação.
Em final de 99 o escritor ainda inédito decidiu publicar seu primeiro livro por conta própria, indo diretamente a uma gráfica. Na mesma época foi demitido do trabalho e usou justamente o FGTS para bancar a publicação da obra. Em fevereiro de 2000 André Vianco tinha mil exemplares de Os Sete na pequena sala de sua casa.
Já era casado e tinha sua primeira filha, mesmo assim não titubeou em seguir com seu louco sonho de ser escritor de livros de terror e fantasia. Levou um ano para vender os 1000 exemplares e, em 2001, foi descoberto pela editora Novo Século, casa editorial que apostou todas as fichas no talento do novo escritor. Os Sete, distribuído em larga escala para todo o Brasil tornou-se um sucesso, peculiarmente um best-seller formado pelos próprios leitores uma vez o escritor não teve apóio imediato da mídia impressa nem televisiva, canais que abrem pouco espaço para as novidades do mercado.
Graças ao marketing de boca-a-boca os leitores começaram a conhecer o livro que contava a história de mergulhadores que encontram uma caravela naufragada no litoral do Rio Grande do Sul, dentro dela retiram uma enorme caixa de prata que, ao ser aberta, revela sete cadáveres ressequidos e centenários. É claro que algum personagem cabeçudo se machuca, liberando do pequeno corte uma porção de sangue e, finalmente, o primeiro dos sete vampiros desperta.
Um thriller de horror e suspense que vai te prender da primeira a última página.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O pá! Onde está a padaria que ficava aqui?

He he


Outro dia descambei pra um boteco com meu camarada, o caro Dr. Barretinho! Como todo bom mineiro, aficcionado por comida boa e cachaça! Não necessáriamente nessa ordem!

A gente tinha ouvido falar de um bar com comida nordestina, feijão de corda, baião de dois, carne seca, essas coisas, tudo bem feito e muito bem servido. E realmente, nunca comi tanto, e tão bem! Escondidinho...hummmmmmm... A vaquejada... hummmmmmmm... Mulata Assanhada... hummmmmmmmm... tinha manteiga de garrafa, pimenta... uma caninha com mel... tudo de "virá os zóio"!
E os doces caseiros? Um melhor que o outro... acho que engordei uns dois quilos, só nessa...

Mas o assunto do post nem é esse, eu ia falar de uma inovação que meu comparsa instalou no carango, um GPS!

Que treco legal!

E fala português! De portugal!

Tomei o maior susto quando o Barreto ligou o carro e deu a partida. Não tinha visto a paradinha, e de repente, escuto a voz de um portuga no carro com a gente:
- A "calculaire" o "trejéto"!
Mutcho louco! Não é que o Manuel Virtual sabia direitinho o caminho pro boteco? E ia avisando os pontos de interesse que passavam pelo carro! Só deu umas rateadas quando a gente passava pelos radares, e ele avisava 50 metros depois... na volta, a mesma coisa. Avisou do radar depois de uns cem metros...

Fiquei imaginando como seria o GPS português do Joaquim da padaria, o da piada... aquele delay básico lusitano:

- Humm! Passaste por um radaire acima da velocidade, ó pá! Logo ali atrás! Então não viste?
- Ai minha Nossa Senhora de Fátima, devias ter virado à esquerda na redonda! Vais ter que andar muito mais agora, ó gajo!
- Passas o primeiro semáforo. Não vira! Passas o segundo. Não vira! "Tains" então o terceiro! Não vira! O quarto, tomas à direita... ai, passou! Vou ter que recalcular!

E o carioca?
- Ae, bro! I, ae, ó o auê ai! Tu cai pra direita... ih! Passô! Perdeu, playboy!

O GPS catarinense é problema. Se você colocar combustível baseado nas indicações dele, corre o risco de ficar no meio do caminho com o tanque vazio. A última vez que estive em Floripa, o "logo ali" não saia menos de 15 quadras...

Mas foda mesmo deve ser o GPS chinês. Você entra no carro, liga o troço e já ouve propaganda do Partido. Aí, tenta colocar as coordenadas de onde você quer ir. Ledo engano...

- Ni Hau! Ni hau ma? Informamos que o governo bloqueou seu acesso à internet, então terei que me basear em mapas de 1940 para achar o caminho! Recoste-se e siga as instruções de como chegar ao seu destino...
Você protesta:
- Mas eu nem digitei aonde eu quero chegar...
- Você vai pra onde EU mandar, siga conforme as instruções, porco capitalista!

E você liga o carro, já com saudade do seu Guia 4 Rodas...



Em tempo: O boteco é o Bar do Biu, ali na Cardeal Arcoverde, quase na Benedito Calixto! Eu recomendo!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Passinho pro fundo por favor...

Question:

Você sabe o que tá escrito ao lado das escadas rolantes do metrô?
(ok, se você não pega metrô, não se aplica... dãããã!)

Mais uma perguntinha.
Vamos colocar a seguinte situação: você acabou de chupar (ui!) um picolé. Dia quente, centrão, perto da galeria do rock. Você:

( ) fica com o papelzinho na mão e carrega até achar um lixo.
( ) joga fora pô! Gari serve pra que?
( ) Enfia no toba (o seu, se escolheu a alternativa acima... hehehe)
( ) Você não chupa picolé. Prefere Sundae!

Deu pra captar o teor do post? Ainda não? Ok, mais uma.

Tudo parado. A merda do trânsito de São Paulo, uma vez mais, te pegou de jeito. Mas, que maravilha, o acostamento tá livre... Você arrisca?

Pois é.
Caso você entre pelo acostamento, pode ter como certa uma coisa: a menos que sua mulher esteja em trabalho de parto ou você sente uma puta dor do lado esquerdo do peito, eu não vou com a sua cara.

Meus amigos falam que eu ainda arranjo uma encrenca das grandes, mas vou fazer o que? Tem uns comportamentos que eu lamento, desprezo, abomino... pode ser uns exemplos? Entonces, mira:

Busão cheio. Tá aquela puta fila de ônibus no ponto, os motoristas em primeira-segunda-primeira. O que o neguinho que vai descer perto do ponto final tem que se aboletar perto da porta? Cara, o mundo vai descer antes de você! A tua tara é ser encoxado por um batalhão? Então entra pro exército e vira a mascote da tropa! Meu!

E quando nem tá lotado, mas fica uma meia dúzia num ajuntamento sem sentido? É um retorno ao rebanho? Deve ser! Ê-ô-ô, vida de gado, povo marcado, povo feliz?

Ainda sobre busão.
Voltando na fila de ônibus, você no ponto, chega aquele que você quer pegar. Entra um monte de gente na sua frente, e parece que se não passarem pela roleta imediatamente, o cartão vai se auto-destruir. Aí fica aquela fila, todo mundo esperando as tiazinhas pegarem o dinheiro (claro que não tá separado, acha?), contar o troco... o mané encosta a carteira umas três vezes até acertar o cartão magnético... E o ônibus parado, porque enquanto não entrar todo mundo o motorista não pode fechar a porta. Passo pra frente, não passa pela cabeça do povo... legal, né?

Falando em transporte coletivo, todo dia eu vejo no metrô um pessoal que insiste em desafiar as leis da física. Em particular, a que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo. Gente, os caras têm que colocar avisos pro povo se tocar de algo tão básico, que é deixar os passageiros que estão dentro sair, antes de tentar entrar no vagão...



Elevador, a mesma coisa. Sempre tem aquele pessoal que para na porta, nem entra, nem deixa o povo sair... Meu...


Em tempo: ao lado das escadas rolantes do metrô há uma placa que pede ao usuário se colocar à esquerda, deixando a direita livre pra passagem.






Pois é. Fica à direita. Ajuda muito!

E faz bem pra saúde. Se é que você me entende...

domingo, 7 de junho de 2009

Santo remédio, Batman!

Hehe...


Meu camarada Lubov veio hoje com uma história digna de registro.
Vai saber, tem muita gente que fica sofrendo quando poderia resolver a situação em um minuto. Ou dois, cinco...

Soluços.
Diz meu amigo que foi acometido de uma incrível crise de soluços na última noite. Soluço bonito, não aqueles miudinhos de Gueixa, ic-ic, coisa à-toa... Soluço com S maúsculo, brabo, de desarranjar o meio de campo e sair lágrima do olho! Soluço corta-mijo! 7 pontos na escala Ritcher! Sentiu?


Pois estava ele naquele exercício de prender-pra-ver-se-passa, a mulher dormindo ao lado, resmungando no sono, coitada, com o chacoalhar da cama a cada soluço, quando Lubov lembra ter lido alguma coisa sobre soluços na internet. Ou seria na Marie CLaire? Whatever! Meu desesperado amigo lembrou-se que serotonina ajuda a passar crises de soluço! Genial!
Quase duas da manhã, ele foi pra cozinha em busca de chocolate. Nada. Na sala. Nada. Dentro daquele jarrinho, muquifo ideal pra escapar da dieta auto-imposta? Nada...
Bom, não tem chocolate, pensou, que outro jeito eu jogo serotonina no organismo?
Claro! Uma gozada bem dada! Aquele bem estar pós-coito, males resolvidos, sono certo! Voltou pro quarto... A mulher dormia sono alto, melhor não interromper (as duas últimas noites já não dormira, que o Lubov tá com tosse... vai ser azarada assim na PQP!!)...
Felizmente, camarada meu não poderia ser diferente, o Lu tem um puuuuta acervo de vídeo de sacanagem. Foi pro quartinho de TV e... bom, ele explicando pessoalmente como fazia pra bater uma e segurar o soluço ao mesmo tempo já seria um post à parte... mas foi, fez o que tinha que fazer , e esperou...

Segundo ele, não deu nem dois minutos o soluço tinha passado, completamente.
Que felicidade! Voltou pro quarto e dormiu o sono dos justos...


Fica então registrado o método. Eu já tinha lido que fazia bem, tipo, atuava na prevenção do câncer de próstata. Mais um motivo, agora, para o bom e velho hábito...

Só uma questão: alguém ai sabe como eu faço pra provocar soluço???

Tratamento de soluço no convênio Médico - China

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Momento de Silêncio

Shhhhh!!

David Carradine 08/12/1936 - 03/06/2009

Comecei a treinar Kung Fu impulsionado pelas lembranças da série, que eu assistia na minha infância (olha eu entregando o ouro de novo...).

Eu achava ele canastra, lutava mal pra caraio, não era bonito... mas eu adorava ver o Kwai Chang Kane quebrando os cowboys do velho oeste com aqueles golpes fake em câmera lenta.
Mais tarde veio Kung Fu - A Lenda Continua, remake da série nos tempos atuais, o David interpretava o bisneto do monge do velho oeste, e tinha aquela frase na abertura: "Meu nome é Kaine. Eu vim ajudar"
Continuava lutando mal, canastra, mais feio e mais velho... o seriado era total meia-boca!!Eu adorava!!!

Kill Bill nem se fala! E o fim? Ele perguntando pra "Noiva" , Como eu estou?, aí levanta, anda, ploft... digno, mortal...

É... pois é...

Tchau, gafanhoto!


quinta-feira, 4 de junho de 2009

Templo de Meditação

He he

Filosofia de porta de banheiro. Quem nunca leu? Pior, mesmo sendo uma besteirada só, quem nunca deu risada?
Me amarro (nossa... desenterrei essa... gíria é feito moda? Tem gíria vintage?) em ler porta de banheiro. As da facu de Letras, da USP, por exemplo! Cada pérola de literatura marginal! À parte os recadinhos do coração (Sou alto, roludo, gostoso, quero te comer... etc...) surgem, de quando em quando, uns fragmentos filosóficos dignos de nota!
Teve um debate, certa vez, que nunca vou esquecer. Sério, tirei foto pra não esquecer. Tá aí embaixo. Olha a transcrição, que pérola...

- Minha mina come meu cu com vibrador!
- Se você dá o cu, é porque é bicha!!
- Então, se eu comer o cu da minha mina, ela deixa de ser hetero?

Fala se não é uma jóia da lógica!



E tem o pessoal que gosta de tudo explicadinho:

Veado = macho da corsa
Viado = estudante de letras



O que eu achei muito injusto. Não pelo viado, mas, e o pessoal da arquitetura, pedagogia, nutrição... tá certo que eu também puxo sardinha pra minha facu, mas não sejamos injustos, que os outros viadinhos menos literatos vão se chatear, né?

Olha essa:



Meu, quem se dá ao trabalho de corrigir frase de banheiro?

Eu só fico imaginando, o que será que escrevem no banheiro da Poli? E=mc2, v0=v2-v1, x2+x+n=2 ?
E no banheiro do Vaticano, será que rola piada de padre? Ou de Judeu? Será que é em Latim?


Bom, encerro o post aqui, que tenho que... meditar.

Sabe como é, feijoada, caipirinha...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Dois mundos - Parte 2

Véio,

dá pra entender o porquê do passageiro quase sair na mão disputando um upgrade no embarque internacional. Eu fui! Eu sei!
O que é aquela sala Vip de embarque? O banheiro de lá é maior que meu apê aqui do centro (tá certo que não precisa muito pra isso, mas eu tava lá sentado no trono e imaginei como seria com uma TV de 30 polegadas... no meu apê nem no quarto cabe...)! Eu quase desisti de viajar, se me deixassem ficar por lá no fds já tava ótimo! Sanduichinho, salgadinho, docinho, suco, vinho, conexão wi-fii... e eu posso jurar que o assento da privada era aquecido! Pasmem!!
Ah, quanta felicidade!

E o embarque?
Embarque da primeira classe... meu, você é VIP. O que significa que, enquanto o pessoal da econômica ainda embarcava, eu já estava na minha poltrona, com a tacinha de champagne na mão, potinho com amêndoas aquecidas, um tesão. Os comissários solícitos, sorrisos, gente perfumada, bonita... nenhum moleque pentelho chutando o encosto da minha poltrona (mesmo porque, se houvesse um pentelhinho riquinho sentado atrás de mim, nunca que os pézinhos envoltos no Nike 20 molas iam alcançar o encosto... olha o espação entre as poltronas...).

Sabe aquela marmitinha que te servem na econômica, com uma carne reprocessada, um purezinho de batata muito sem vergonha e de sobremesa um muffin dentro do saquinho? ESQUECE! Aquela é outra realidade, meu caro... aqui temos quatro opções de prato principal, aquecido na hora, preparado por chefs , depois da salada, claro, com opção de molho e camarões e lagosta...
Sobremesa? Ah, claro. Depois dos queijos e uvas, passa um carrinho de sorvete, com tudo que é cobertura possível e imaginável. Nessa hora eu já tava cheio, até pensei em falar pro comissário dar o meu pros menos favorecidos, digo, algum passageiro da econômica. Mas eu pensei bem, vai que sai briga pra pegar o sorvete, né? Com essa gente, tudo é possível...

Cadeira reclinável 120 graus... ok... filminho no vídeo individual... qual deles será que eu escolho? Tantas opções... e tá batendo um soninho depois de tanta comida... ou deve ter sido o Porto que serviram... eu tinha mencionado, não? Ah, me passou...

Apagam-se as luzes, os olhos vão ficando pesados... epa! Aí vem a comissária... será que ela vem me dizer que mudaram de idéia, como eu não sabia qual talher usar do monte que me deram eu vou ser mandado "lá pra trás", com o populacho? Meu Zeus, que vergonha!!

Ah, não, que susto! Ela só veio trazer uma garrafinha de água mineral, caso eu sinta sede durante a noite.
Que amor.

Me deseja um bom sono.


Pra vocês também!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Dois mundos - parte 1

Nossa!


Quem já pegou metrô em Sampa, sabe.

Pode ser algo muito agradável, ou uma experiência traumatizante. São vários os fatores envolvidos, mas os que mais pesam são: linha e horário.

Se é umas dez da manhã, dez e meia, qualquer linha do metrô é altamente transitável. A Verde, da Vilamadá até Alto do Ipiranga é, na minha opnião, a mais legal. Minas gatas, pessoal transado, passa pela Paulista, uma boa parte é aérea, um tesão. Desce no Trianon-Masp, tem o parque, árvores, bicho (eu falei bi-CHO...), tudo de bom!
Três da tarde também é legal. Pega a Linha Azul, vai até o Shopping Santa Cruz, sentado, de boa... pega um cinema, aterroriza uns emos (só ex-Punk me entende), a vida é bela...


Agora, quinta feira passada, tinha que ir pro aeroporto internacional. Meu vôo decolava as nove. Um bom horário pra chegar em Guarulhos seria umas sete da noite. Combinei com a amiga que ia pra NYC comigo da gente se encontrar na catraca da estação Tatuapé as seis e meia. O plano: eu pegava o trem na República, ia até o Tatu. Ela, ia da Consolação, baldeava duas vezes, no Jabaquara e na Sé, e seguia pro ponto de encontro. No terminal Tatuapé rola um busão (quase) non-stop até o aeroporto. Tudo lindo e barato...
He He ... barato de cu é rola, como diz o Bigode, meu amigo filósofo de boteco...
EU!EU!EU! A GENTE SE FERROU-SE!!
Lá fui eu pra República, bolsa tiracolo e sacolinha de viagem na mão (só o fds em NY,não is despachar mala, né? Mala despachada é a maior roubada...)... desce escada rolante, vira, desce outra... CARALHO!!!
Sem brincadeira... cadê a porra da plataforma de embarque? Não se vê a tal, as seis da tarde... só um mar de cabeças tentando entrar na lata de sardinhas móvel... vendo a cena, na mesma hora me subiu um arrepio e lembrei do famoso pensamento de James Lovell, comandante da Apollo 13: "Hummm... fodeu!"
Passaram uns dois trens, que fizeram o favor de abrir e fechar as portas, que embarcar ninguém conseguiu mesmo, mais um, vazio, que passou direto enquanto uma voz anunciava que aquele trem iria seguir sem passageiros até o Tatuapé (caralho! é pra que eu vou! me dá carona!), e então um quarto trem encostou, com alguma promessa de embarque. Rezei e fui!!
O legal em situações como essa é que você não precisa andar. Eu, conscientemente, não lembro de ter colocado um pé na frente do outro... Só entrei no fluxo, e de repente lá estava eu no meio do vagão. Assalto também não rola nessa situação, porque pra assaltar ocorre a condição básica do malfeitor conseguir mover a mão até dentro da sua bolsa. Se nem respirar a gente consegue...
Eu confesso que fiquei meio constrangido. Digamos que eu estava, sem querer, escaneando a mina que estava colada em mim, que, por sua vez, enfiava o nariz no sovaco de um tiozão, que parecia a ponto de espirrar, o que ia desarrumar o cabelo da perua que se equilibrava segurando o braço do Boy magrelo de dois metros de altura colado no teto do vagão com o outro bração varapau! Um balé de terror, muito bem coreografado!
Como eu estava equilibrado em um pé só, achei de querer virar um pouco o corpo (desculpa, mina... NÃO é o meu celular, mas é melhor você achar que é...). Adivinha se nao dou de cara com um boy de babylook, mechas californiroscas louras nos cabelos, piercing na lingua,orelha, nariz e Zeus sabe onde, e olhar brejeiro? Pior, tô de calça social. Tecido fininho.
E, claro, cueca boxer com o bicho confortável... Murphy se regozija às minhas custas... lembra que o que eu falei sobre assalto? De não conseguir nem mover a mão? Adivinha se o cara ficou triste de sentir o Jr encostado na mãozinha gorducha dele... pior foi ver os olhinhos do figura dando aquela apertadinha de gozo... posso jurar que vi ele fazendo até biquinho... ainda bem que não dedilhou o equipamento... aí já seria demais...
Na Sé descobri que, se nas outras estações o problema é embarcar, na estação central o difícil é ficar DENTRO do vagão! A turba quer porque quer manter aquele relacionamento bacana, recém inaugurado, e insiste em te carregar junto, mesmo diante dos protestos desesperados e cotoveladas à direita e à esquerda que você solta! Eu fiquei, mas a sacola foi... presa na minha mão, parecia um peixe fisgado, lutando contra a corrente. Só voltou pra dentro do trem no contrafluxo.
Sem maiores terrores até o Tatu. Já esperto, fiquei administrando o vai e vem dos companheiros usuários e a minha posição no vagão, e na estação tão esperada, me joguei na corrente e desembarquei, quase ileso. Só um ou outro hematoma (é com "agá"?) pra mostrar pros amigos.


Subi pra catraca e esperei a mina chegar. Mais uns vinte minutos, ótimos pra analisar o povo que passa indo e vindo (caraio, quanta gente feia e quanta mina gorda com calça de cintura baixa...).
Deu os vinte minutos, ela chega, olho vidrado, toda esbaforida, cabelo em desalinho....  uma dó, quase chorando: -Quase me estupraram nessa merda de trem... aliás, foi um estupro, psicológico, mas foi!

Tadinha, abraço minha parceira com todo companheirismo que me resta depois do trauma do metrô ZL, e a consolo, dizendo que o pior já passou, agora tudo vai ser mais fácil, o aeroporto nos espera... ela sorri e balança a cabeça afirmativamente.


Não tenho coragem de falar do busão que a gente vai pegar dali a cinco minutos, provavelmente lotado, de "passageiro BRA", levando até a galinha na bagagem de mão... deixa ela sonhar com a sala VIP, deixa...