Típica manhã de outono paulistano.
Sigo pro café da manhã na padoca amiga, de coador, sim, por favor, com os dois pãezinhos na chapa, de lei.
Meu chapéu de manhã de sábado na cabeça, meu chinelo de qualquer manhã nos pés, o reflexo no espelho da padoca mostra um cara bem convidativo à um papo alegre de começo de dia. Eu acho.
A senhorinha septuagenária senta ao meu lado, e logo estamos conversando como se há muito amigos, recordando o tempo do guaraná de rolha (ela, viciada em refrigerante, à revelia das ordens médicas, me confidencia), e concordando que Tubaína é bom, mas desjejum é Guaraná Antártica, menos óbvio ao paladar. Com pão de queijo. Quem contesta?
E inicia um "causo" pra ilustrar, uma modelo que foi no Jô ("você assiste o Jô, meu filho? Não? Ah, não perco um! Na minha idade, só o Jô me levapra cama!" - velhinha fogueta, né?) e declarou que adora guaraná, melhor que coca, melhor que tudo.
A vózinha leva quase 15 minutos só pra contar a história da tal modelo (ela lembrou o nome da fulana... eu, nem por sombra... sou péssimo com nomes...), tenho que pedir outra média só pra terminar o papo. Então me despeço e volto pro apê, muito o que fazer, daqui a pouco tem teatro e nem saí com o Luke!
Percebo que estou correndo. Como assim, com pressa nessa manhã de sábado com passarinho cantando? Penso na senhorinha, que ainda está lá no balcão, provavelmente agora contando mais uma das suas histórias pra algum outro freguês, sem essa pressa minha, parando o causo pra ouvir o passarinho ou lembrar de outro causo que entremeia a história, sei lá!
Pra que tanta pressa? Antigamente eu tinha um modem de 33Kbps e achava o máximo! Hoje, minha conexão de 3Mb me parece tão lenta, morosa!
Até meu coração parece que bate mais apressado! Pra que?
Vem Luke, vamos passear. Daqui a pouco teatro. Mas meu pensamento, hoje, é pra Dona Anselma, lá na padoca.
Quem sabe o coração sossega um pouco.
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